quarta-feira, março 01, 2006

Mudam-se os tempos... mudam-se os valores!

"Luzes, câmeras...acção"... e eis que entrámos numa nova era...Será a realidade ou pura fantasia? Será mais um dos filmes criados pelo Império do Novo, pelo mediatismo e imediatismo em que estamos inseridos, ou é algo que não traz livro de instruções e nem a opção OFF para desligar?

O mundo está, de facto, em mudança e como já dizia o velho ditado: "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades" e neste caso, os valores... Antigamente valorizava-se o eterno, actualmente prevalece o efémero ou a efémera (como já dizia o anúncio)... tudo apela ao banal, ao versátil, ao rápido, ao veloz, ao que é ágil, ao que dura menos, ao que está na moda...parece a sociedade "fotocópia", não porque tenhamos todos os mesmos objectos/acessórios, ou os mesmo objectivos, pois com a variedade e multiplicidade de escolha que o mercado actual nos permite, a taxa de cópias integrais de cada um de nós, espelhadas noutro ser humano qualquer é quase impensável. No entanto, se formos analisar em termos dos valores que cada um de nós detém, o cenário já se modifica ligeiramente...pois todos ambicionamos e valorizamos basicamente o mesmo (salvo aqueles que têm graves desvios de personalidade). Todos habitamos o mesmo mundo e se este sofre modificações também nós as sofremos...algumas são benéficas, outras nem por isso, mas o Homem é mesmo assim...necessita de mudanças constantes para se sentir motivado, renovado e em permanente evolução, pois "parar é morrer".

A era digital não deu margem para opções, pois se inicialmente teve alguns opositores ao seu surgimento e vantagens posteriores, as vozes que ecoaram mais alto foram as dos seus apoiantes fervorosos, que rapidamente mostraram ao mundo aquilo que todos queriamos... uma Sociedade em Rede, que permita um contacto permanente entre os "4 cantos" do mundo... uma sociedade onde não há impossíveis... em que a velocidade é um factor primordial - pois "tempo é dinheiro" e assim sendo não há tempo a perder, com NADA; onde nada dura muito tempo (ciclos curtos) - cada coisa dura o tempo necessário até já ter passado de moda e por isso mesmo cair em esquecimento; onde só o que é novidade e estranho/diferente é que ganha notoriedade ou visibilidade; onde há um pouco de tudo, de todos os tamanhos, cores e feitios, para todos os gostos - "p'ró menino e p'ra menina"; onde tudo o que não dê prazer, mesmo que instantâneo (já que esta é a época da instataneidade e da imediatez...) está automaticamente out das opções da geração Bife do lombo, geração "clip", ou também da chamada geração Homo Zappens; onde o não interactivo é tido como vulgar e pouco apetecível; e onde o digital, o móvel e o toque feminino são encarados como algo muito fashion.

Tudo o que "ancestralmente" tinha dado valor, presentemente já o perdeu, pois no "reino tecnológico" impera a vontade dos cosumidores, todos os seus desejos são ordens, e se alguma empresa tentar rumar contra esta maré, bem pode crer que se "afunda", pois ou são capazes de agradar, disponibilizar e fidelizar os seus clientes com serviços vantajosos e inovadores...ou bem podem esperar pelo segundo seguinte em que os começam a ver a abandonar o navio e a começar uma nova aventura num outro concorrente.

Cada segundo conta, cada pormenor, cada detalhe tem de ser pormenorizadamente cuidado, para que "na economia da abundância se adquira o recurso escasso mais precioso: a atenção do cliente/espectador/leitor/usuário.

Daí as cores, os tamanhos e formas dos objectos e respectivas campanhas de publicidade irem sofrendo as alterações necessárias para irem ao encontro, o mais possível, dos gostos dos consumidores. Ora e se falamos em consumidores...falamos necessariamente em mulheres e se falamos em mulheres, falamos obrigatoriamente em moda...estas são cada vez mais o alvo primordial das campanhas da marketing das empresas, pois não há ninguém mais consumista (não no sentido depreciativo, como é óbvio) e que ligue mais a determinados detalhes do que a Mulher.
Assim, podemos ver algumas marcas a modificarem as letras dos logótipos e slogans para algo mais redondo - para ir ao encontro das formas do corpo feminino - (exemplos: TMN e Continente)...algo semelhante se passa com os carros e telemóveis (Citroen C3 e o novo telemóvel motorola V3, que foi feito em tamanho e cor a pensar nas necessidades -para caber em todo o lado - e gostos - existe em cor-de-rosa, cor caracterisicamente feminina).

Todas estas transformações tem como intuito causar nos consumidores dois tipos de efeitos: felicidade e satisfação - conceitos cada vez mais ambíguos -, pois apesar de todos termos valores comuns, cada um determina diferentes objectivos para a sua vida, estes que tal como os gostos e devido à evolução do mercado e da sociedade vão sofrendo algumas alterações e que por isso se vão coadunando, ou não, com aquilo que a maioria ou a moda dita.

Tudo está nas minhas mãos... nas tuas mãos... nas suas mãos...nas nossas mãos, todos podemos optar por continuar submersos nesta Sociedade do imediato, do proveitoso e do banal ou então seguir o caminho mais complicado, que é aproveitar os benefícios que a era digital nos trouxe, para construirmos uma sociedade, íntegra, que valorize não só o rápido, o eficaz e eficiente, mas acima de tudo que transforme o conhecimento e a informação disponibilizada tão facilmente pelos meios digitais e interactivos, em algo que seja pleno de conteúdo e não em algo totalmente oco de significado.

O mundo está em permanente transformação, assim como os nossos próprios valores...e as principais causas para estas rápidas e prementes modificações são os meios digitais que invadiram o nosso quotidiano e nos habituaram a viver com o que é fácil, móvel, rápido e eficaz... A era digital já se instalou, por isso só tem duas opções: ou se conecta e escolhe estar ONLINE, ou então opta por permanecer na ignorância e continuar a viver OFFLINE de tudo o que a rodeia e de tudo aquilo que integra o mundo...

Esta é a realidade em que vivemos, não adianta querer esconder-se, fechar os olhos ou fingir que não vê, todos os nossos gestos e actos foram moldados e modificados pelo surgimento da tecnologia...Seria capaz de viver sem o seu telemóvel, ou sem navegar na internet? Quanto tempo conseguiria estar novamente isolado do mundo?

É uma verdade inquestionável e irredutível, tudo o que nos rodeia tem algo digital e interactivo e sem estes temperos, a nossa vida já não seria a mesma...se agora nos retirassem todos estes requintes e privilégios viveríamos apáticos e infelizes, num pesadelo inacabável e insonso, tal como aquele que muitas vezes nos assombra quando algum dos nossos utensílios preciosos (telemóvel, computador, Tv,etc) nos é "retirado" ou se encontra "temporariamente indisponível", por falta de rede ou bateria! Não viva pesadelos, nem ilusões, viva a realidade...

Era Digital = REALIDADE: "do you wanna come in?"

1 Comments:

At 1:18 da manhã, Blogger Carla Ganito said...

Os seus posts são um pouco extensos mas interessantes. Neste suporte tornam-se mais atractivos os posts sucintos.

 

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