O crescimento da sociedade do conhecimento depende da produção de novos conhecimentos, da sua transmissão através da educação e da formação, da sua divulgação pelas novas tecnologias da informação e comunicação e da sua utilização em novos serviços ou processos industriais.
As universidades têm assim grande importância, pois desempenham um papel essencial em todos estes domínios, são preponderantes para: o desenvolvimento e transmissão de novos conhecimentos; a formação de novos profissionais e investigadores com maiores apetências para integrar o mercado altamente competitivo e exigente em que estamos inseridos; a crescente complexificação do processo da inovação; e para o aumento da coesão social.
A emergência das novas tecnologias e a ascensão de novos valores têm causado inúmeras alterações no nosso quotidiano e tudo isso tem afectado não só o mercado empresarial, cada vez mais competitivo, mas também o mercado universitário que necessita de utilizar novas “armas” e de se reinventar constantemente para ir superando a multiplicidade de novas universidades e institutos que vão surgindo.
Somos cada vez seres mais exigentes, refinados, com baixos índices de aceitação a possíveis falhas e o excesso de oferta desta Sociedade em Rede só vem fazer com que tenhamos sempre a opção “Plano B”.
Assim, e tendo em vista criar-se um Espaço Europeu do Ensino Superior como contribuição para uma maior integração europeia, um conjunto de ministros da Educação Europeus assinou uma declaração convencionada em Bolonha, a 19 de Junho de 1999, que preconizava os seguintes objectivos: 1) mobilidade de estudantes e diplomados; 2) empregabilidade dos diplomados; 3) maior competitividade dentro do Espaço Europeu e face aos restantes blocos mundiais.
O Processo de Bolonha surgiu, então, da necessidade de se criar uma comunidade europeia sólida, próspera, competitiva e atractiva para alunos e docentes, não só Europeus, mas oriundos de todo o mundo. Para isso tem seis pontos orientadores: a adopção de um sistema de graus comparável e legível; a adopção de um sistema de Ensino Superior fundamentalmente baseado em dois ciclos; o estabelecimento de um sistema de créditos; a promoção da mobilidade dos jovens (valor primordial e em ascensão nesta “era digital”); promoção da cooperação europeia no domínio da avaliação da qualidade; e finalmente, a promoção europeia no ensino superior.
Após estas medidas serem postas em prática espera-se que:
- se enfatize o processo de inovação e investigação, tendo como base o intercâmbio cultural, concretizado na mobilidade dos jovens;
- a Europa se afirme no mundo, através do conhecimento e da mobilidade como um continente coeso e bem sucedido;
- os estudantes participem mais activamente nas escolas;
- este processo de reestruturação aproxime os jovens desta Sociedade em Rede, o que lhe permite um maior leque de escolhas, e uma consequente maior realização pessoal e profissional;
- se crie o gosto pelo saber, pela aprendizagem de valores e pela aquisição de uma metodologia de trabalho (algo que não se verifica nas faculdades actuais);
- e finalmente, que haja um reforço de conceitos como a cidadania e democracia, para que se possam entender e gerir princípios como diversidade, multiculturalidade e liberdade.
Actualmente, é um facto que as Universidades Europeias estão muito pouco competitivas e dispõem de menos meios financeiros para apostar e formar novos profissionais, face às suas homólogas dos outros países desenvolvidos. No entanto, e devido ao mercado global em que actuam, têm de dar uma resposta eficaz de forma a ultrapassarem esta situação rapidamente.
Tudo isto terá um elevado impacto nas vidas não só dos estudantes, mas também dos próprios professores, uma vez que com a diminuição do número de anos numa licenciatura, a carga aplicada será maior tanto para os alunos, como para os professores.
Todos terão de “reaprender a aprender”, pois o ensino passará a ser mais condensado e prático do que aquilo a que estamos habituados… pelo menos em Portugal. Os alunos terão de começar a saber tomar decisões e iniciativas, de forma peremptória, pois só assim os futuros profissionais deste mercado pleno de competitividade estarão prontos para enfrentar e ultrapassar quaisquer obstáculos. Os professores terão de deixar de ser tão metódicos e dar azo a que os seus alunos possam ser criativos e desenvolver as suas capacidades de inovação e investigação, tendo como ponto de partida os seus próprios meios.
O mercado de trabalho tornar-se-á ainda mais competitivo, pois com o intercâmbio de alunos mais facilitado, existirá uma maior oportunidade de aproveitar talentos e competências de culturas diversas da nossa… daí que o conceito de multiculturalidade e a sua aceitação na sociedade sejam de extrema importância, pois cada vez mais, este será o segredo para a evolução e para a não estagnação de qualquer país… a experiência e a sapiência são muito importantes para o desenvolvimento, por isso não se pode deixar de aproveitar todas as potencialidades de cada ser humano.
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